Heranças da cultura africana e a consciência nacional

cultura africana

O dia 20 de novembro, além de ser uma data de exaltação das culturas negras nacionais, é um marco para relembrar também sobre uma problemática muito drástica no contexto social brasileiro: o racismo. Esse preconceito ignora completamente as heranças da cultura africana na formação do que é a nação brasileira hoje. Por isso, decidimos ressaltar algumas contribuições culturais de raízes africanas tanto para a história do Brasil, quanto para o hoje em dia.

cultura africana

  • Samba

O ritmo hoje já faz parte de comemorações populares, principalmente no Nordeste e Sudeste brasileiro, é uma das marcas da cultura nacional. Por mais que muitos historiadores apontem seu nascimento no Rio de Janeiro, vindo da Bahia, a real origem do samba é uma mistura de batuques africanos com ritmos indígenas. É concedido a Pelo Telefone (1916) o título de primeiro samba da história. Um gênero musical que traz uma carga simbólica e de resistência popular muito linda!

  • Capoeira

Capoeira nunca foi uma dança, mas sim uma luta. Isso porque era uma forma de resistência física de escravos contra o poder de polícia branco na sociedade escravista. Na transição republicana, a prática marcou sua presença ainda como resistência nos cortiços citadinos.

  • Religiões de matrizes africanas

A Umbanda e o Candomblé e o culto a seus Orixás no Brasil é de uma caracterização tão única que as práticas nacionais são diferentes inclusive das práticas africanas. O sincretismo da religião católica com cultos nativos e africanos marcou a criação de novas práticas religiosas. Vestir branco no ano novo, fazer aquela fezinha com alguns amuletos tornou-se parte da cultura nacional de diversos segmentos populares, principalmente em Pernambuco e no Rio de Janeiro. No entanto, isso também não significa que haja uma democracia religiosa no Brasil, pois as religiões de matrizes africanas são as mais perseguidas e agredidas nacionalmente.

  • Culinária

Quem nunca se deliciou com um couscous ou um arroz amarelo? A nossa culinária também possui vários traços e temperos africanos. Ainda não se convenceu? Então aqui vão alguns outros alimentos: abóbora, aipim, coco, bobotie, chakalaka, entre diversos outros.

É importante valorizar essas culturas africanas, porém sem romantizar a democracia racial no Brasil. A perseguição a religiões de matrizes africanas, ao samba, à demonização de práticas e cultos populares e negros, infelizmente, é uma realidade no contexto social brasileiro.

No entanto, para terminarmos a matéria com uma notícia boa: recentemente, uma pesquisa demonstrou que pela primeira vez na história nacional, os negros e pardos são maioria nas universidades públicas brasileiras! Com políticas públicas, como a Lei de Cotas sancionada em 2016, para atenuar essas desigualdades, hoje, muitos jovens negros e pardos que tiveram que passar pela barreira do racismo podem orgulhar suas famílias, sendo às vezes os primeiros a entrarem em uma universidade pública.

Isso nos mostra que o caminho a ser percorrido para a superação da desigualdade social que a raça infelizmente impõe ao contexto das relações no pais é nas pequenas conquistas. Essa recente pesquisa deve ser tida como um motivo de comemoração no dia de hoje, porém também deve nos servir de alerta para trilharmos mais adentro o caminho da tolerância.

Compartilhar

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp