Humanas é achismo?

Quando pedimos para um aluno pensar em alguma ciência, na maioria dos casos, o que irá aparecer na cabeça é física, química, biologia e matemática. As ciências humanas, infelizmente, ainda estão para o senso comum como um campo de opiniões e que não produz verdades, ou seja, em um processo de descrença a respeito de sua epistemologia. No entanto, é verdade? Humanas é achismo?

Não! Mas afinal, o que é ciência? Para qualquer estudo ser considerado como sendo científico, ele necessita de dois fatores: objeto de pesquisa e método de estudo. Esses dois pilares são fundamentais para gerar conhecimento em qualquer que seja o ramo. História, Geografia, Sociologia, Antropologia, Economia, Ciências Sociais, Serviços Sociais, Relações Internacionais, Ciência Política e diversos outros campos das humanas apresentam uma gama diversificada tanto de objetos de pesquisa quanto de metodologias.

A comprovação de qualquer estudo precisa passar pelo aval da comunidade acadêmica para comprovar o respeito a esses fatores. Quando um historiador produz um trabalho comprovando a existência de um golpe político em 1964, por exemplo, ele não está falando o que acha ser o mais correto. Na verdade, ele está apresentando uma gama de fontes históricas que comprovam a tese em questão. Foge do achismo e vira conhecimento.

Outro exemplo trazido à pauta recentemente também é a questão do Nazismo. Não é válido cientificamente afirmar que a ideologia nazista era de esquerda. Isso não possui qualquer embasamento, qualquer metodologia, qualquer aval da comunidade científica para comprovar essa tese. Ciências humanas é coisa séria.

Mas então, por quê? Por que essa ideia de achismo que ronda pelo senso comum sobre as ciências humanas?

Essas áreas do conhecimento são responsáveis por uma formação educacional crítica, que para alguns setores dominantes, isso se apresenta como um perigo. Por isso esse projeto de tentar construir uma descrença e ilegitimidade a respeito desse ramo da ciência, para poder diminuir a voz dessa elite intelectual do país. Inclusive, isso foi expresso pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, ao defender uma diminuição no orçamento das faculdades de Sociologia e Filosofia com a justificativa de respeitar o dinheiro do contribuinte. Como se essa produção científica fosse tão inválida que representasse um desperdício de verba pública.

Esse projeto de descrença e revisionismo da história do país visa reformular uma nova memória que seja legitimada não pela ciência, mas sim por um discurso, aí sim achista, sem qualquer tipo de comprovação. As ciências humanas já recebem uma verba bem inferior às outras na educação superior pública. A tentativa de sucatear esse segmento intelectual é uma das formas de atacar indiretamente as bases da democracia no país.

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