Resumo do livro Marília de Dirceu, leitura obrigatória da Fuvest 2025

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A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Marília de Dirceu, do escritor Tomás Antônio Gonzaga.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Tomás Antônio Gonzaga. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!

Resumo do livro Marília de Dirceu

A obra “Marília de Dirceu”, escrita pelo autor luso-brasileiro Tomás Antônio Gonzaga, teve sua primeira parte publicada no ano de 1792 e tornou-se uma das produções que mais marcaram o Arcadismo, movimento literário europeu iniciado no século XVIII. Considerando sua relevância na literatura brasileira, o livro foi adicionado às leituras obrigatórias do vestibular Fuvest 2025. 

Gonzaga elaborou seu trabalho no formato de um extenso poema lírico dividido em três partes. Ao longo de seus versos, em linguagem simples, o autor narra a história de amor de Marília e Dirceu, dois pastores de ovelhas. A obra, embora não possa ser considerada autobiográfica, é, em grande parte, baseada em sua relação com Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão.

Tomás e Maria foram noivos, mas acabaram separados devido à prisão e ao exílio de Tomás na África, como resultado de sua participação na Inconfidência Mineira. Esse fato é também destacado nas páginas da obra, em que são ressaltadas as atribulações pelas quais o próprio Gonzaga passou durante o movimento.

Parte I

Na primeira parte de “Marília de Dirceu”, Dirceu, que compõe o eu-lírico da obra, dedica-se a expressar seus sentimentos por Marília, pastora de ovelhas que despertou nele grande afeição e para a qual destinou versos apaixonados e o título de “Estrela”: Graças, Marília bela,/Graças à minha Estrela!

Há, no decorrer da escrita, a descrição de um profundo amor, o qual é ambientalizado na natureza, no campo, tendo em vista a própria profissão de Dirceu – pastor de ovelhas, assim como Marília – e as particularidades do movimento árcade, explorado por Tomás Antônio Gonzaga.

Assim, vemos falas de um amor puro, idealizado e melancólico, o qual se almeja viver não em meio a interferências urbanas, mas, sim, nos campos, em simplicidade e calmaria – junto à sua amada, à Marília. A natureza, desse modo, é alvo de extensa descrição por parte do autor e é também testemunha dos anseios de Dirceu por uma vida ao lado de Marília e de sua tristeza pelos momentos em que estaria longe de sua amada.

Parte II

Já a segunda parte da obra entrega uma quebra nos relatos puros de amor de Dirceu por Marília e demonstra como há nuances mais complexas na relação descrita ao longo dos versos. Refletindo o contexto do autor à época, que estava preso em consequência do envolvimento na Inconfidência Mineira, essa parte do livro retrata toda a angústia sentida por Dirceu – ou Tomás – no cárcere pela separação de seu objeto de afeição.

As reflexões estruturadas nessa narrativa poética giram agora em torno da dor do distanciamento, da incerteza do aprisionamento e da própria sorte, do amor que precisa superar as circunstâncias e da ânsia pela libertação para o futuro reencontro: Nesta cruel masmorra tenebrosa/Ainda vendo estou teus olhos belos,/A testa formosa,/Os dentes nevados,/Os negros cabelos

Para além, no entanto, das duras descrições de um coração ferido por estar distante de seu amor, é possível observar falas referentes à situação política em que se encontrava Gonzaga no Brasil. O autor expõe o sentimento de injustiça em relação à severidade do governo colonial e às decisões do regime à frente do país.

Mesmo que o foco não desvie de seu amor por Marília, é realizado, na voz de Dirceu, um paralelo entre a experiência desse amor e de toda a opressão e a violência sofridas no decorrer de seu aprisionamento e seu futuro exílio.

Dessa maneira, a perda da liberdade possui grande destaque ao longo do segmento, bem como a tristeza de estar vivendo no que Dirceu define como uma masmorra, sem perspectiva, no entanto ainda com a ilusão, de escapatória: Nesta triste masmorra,/De um semivivo corpo sepultura,/Inda, Marília, adoro/A tua formosura.

Parte III

Por fim, a terceira e última parte da obra mantém temáticas semelhantes às anteriores, porém vemos um aprofundamento na melancolia do eu-lírico e nas críticas ligadas à sua conjuntura política. Dirceu dá continuidade aos relatos sobre seu sofrimento devido ao exílio e à separação de Marília, abordando sentimentos como a desesperança e o desencanto com o futuro.

É possível perceber, assim, que não se trata de uma história de amor com um final feliz, já que, longe de sua amada, Dirceu não vê consolo e esperança em sua vida: há somente uma perspectiva de tristeza e dor, pois tanto a liberdade quanto o amor lhe foram negados por suas circunstâncias.

Como ler o livro completo?

A obra foi disponibilizada na íntegra pelo governo para acesso público no site do Domínio Público e pela própria USP para consulta dos candidatos no site oficial da universidade. Confira!

De quais formas o livro poderá ser cobrado na Fuvest?

No vestibular, aspectos relacionados ao Arcadismo poderiam ser cobrados, tendo em vista que constitui o movimento literário explorado por Tomás Antônio Gonzaga ao longo de “Marília de Dirceu”. Além disso, a forma como o autor constrói sua narrativa poética de um amor idealizado de Dirceu por Marília poderia ser um tópico relevante a ser observado nas provas.

A abordagem da natureza e da vida bucólica, temas conectados ao movimento árcade, também seriam pertinentes. Para finalizar, um outro aspecto muito visto na obra e que poderia também ser alvo de análise no vestibular seria a contextualização histórica, social e política da época em que se passa a história.

Sobre o autor Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga foi um advogado, juiz e expoente poeta luso-brasileiro nascido em 11 de agosto de 1744, na cidade de Porto, em Portugal. Filho de João Bernardo Gonzaga e de Tomásia Isabel Clark, Gonzaga passou parte da infância no Brasil, no Recife e na Bahia, e retornou a Portugal durante a adolescência para finalizar seus estudos, formando-se em Direito aos 24 anos.

Após iniciar sua carreira em Portugal, retornou ao Brasil em 1782 para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca de Vila Rica, em Ouro Preto, Minas Gerais. Permaneceu no estado até 1789, quando foi preso e enviado ao Rio de Janeiro devido ao seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Depois, foi extraditado para Moçambique, na África, onde faleceu em 1807. Foi seu exílio a causa de sua separação de Maria Doroteia, que foi sua noiva e inspiração para Marília em “Marília de Dirceu”.

Gonzaga não possui um catálogo extenso de obras. Contudo, seus poemas já foram editados e distribuídos inúmeras vezes ao longo dos anos. Seu estilo seguia o movimento árcade brasileiro, cujas características estão claras em “Marília de Dirceu”, livro considerado sua obra-prima. Outras de suas principais obras são “A Conceição” e “Cartas chilenas”.

Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2025

2026

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Reprodução

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