A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Os Ratos, do escritor Dyonélio Machado.
É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Dyonélio Machado. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!
Sobre o que é o livro?
A obra é reconhecida por sua relevância literária e crítica social. Publicado em 1935, este romance conta a história de Naziazeno Barbosa, um funcionário público que precisa quitar sua dívida com o leiteiro, pois, apesar de trabalhar em uma instituição pública, vive em uma condição precária com sua família e está sempre endividado.
Ao longo de 28 capítulos curtos, o leitor acompanha as 24 horas da vida de Naziazeno Barbosa, em uma trama conturbada que se desenrola nas ruas de uma provinciana Porto Alegre. Durante esse período, o personagem, enquanto tenta desesperadamente conseguir o dinheiro para pagar a dívida, passa por uma série de situações difíceis que só reforçam ainda mais o seu estado de angústia existencial.
Resumo do livro Os Ratos
A história é narrada por meio de uma estrutura cíclica, organizada em torno de diferentes períodos temporais. Na parte da manhã, Naziazeno procura seu chefe para solicitar um empréstimo, mas, ao não encontrá-lo na repartição pública, decide então recorrer ao Duque, um homem que acredita ser habilidoso na obtenção de recursos financeiros. No entanto, também por não achá-lo, acaba procurando um terceiro personagem: Alcides.
Perto do horário do almoço, depois de tentar, sem sucesso, conseguir o dinheiro para quitar sua dívida, o protagonista tem uma ideia: pede dinheiro emprestado para almoçar ao Costa Miranda, após vê-lo na rua. Naziazeno consegue o que queria, mas a quantia logo desaparece de suas mãos, pois é perdida durante uma aposta em uma casa clandestina de jogos.
Qual é o desfecho da história?
No fim do dia, o Duque propõe para o personagem central uma negociação com agiotas, que também não dá certo. Por fim, Duque, Alcides e Naziazeno propõem uma negociação de um anel penhorado a um outro personagem: Mondina. A transação dá certo e Naziazeno finalmente consegue o dinheiro para quitar a dívida.
É interessante notar que, por mais que Naziazeno se esforce para sair da situação inicial, acaba sempre voltando ao mesmo ponto. Isso acontece porque, no decorrer da história, é explicitado ao leitor que o personagem já contraiu outras dívidas além da pendência com o leiteiro.
Além disso, na tentativa de pagar a dívida original, novos compromissos financeiros são criados, resultando em um ciclo sem fim. No desfecho da história, embora ele consiga finalmente quitar o que devia ao leiteiro, a sensação de alívio é anulada pelo peso das consequências desse círculo vicioso, evidenciando a crítica da obra ao círculo interminável da pobreza e das desigualdades sociais.
Mas enfim, o que os “Ratos” representam no livro?
A este ponto, você poderá se perguntar como o título da obra, “Os Ratos”, se relaciona com o que foi descrito até aqui. O título se deve ao fato de que, após intenso esforço para conseguir a quantia que necessitava, o protagonista entra em um estado de paranoia, imaginando que ratos irão roer, no meio da noite, o dinheiro destinado ao leiteiro. Essa ideia delirante vai correndo o personagem no meio da noite, do mesmo modo que um rato rói sem parar.
A partir disso, o título também pode ser interpretado como uma alegoria para outras questões, como a situação de muitos brasileiros que, assim como Naziazeno, enfrentam um ciclo sem fim de endividamento, adquirindo novas obrigações para pagar dívidas antigas. Dessa forma, é como se eles estivessem presos em uma “roda dos ratos”, correndo em círculos, sem sair do lugar.
Objetivo da obra
A obra traz uma crítica social à luta pela sobrevivência enfrentada diariamente por milhares de brasileiros. Por conseguinte, a história critica a desigualdade social e a exploração econômica, revelando como o sistema econômico vigente perpetua situações de miséria e dependência.
Em “Os Ratos”, Dyonélio Machado utiliza o protagonista Naziazeno para ilustrar a condição de indivíduos que, em meio às pressões da vida urbana e às exigências financeiras, veem-se aprisionados em ciclos de dívida e humilhação.
Ao mergulhar na angústia de Naziazeno e nos desafios enfrentados por ele, o leitor é convidado a refletir sobre a realidade de uma parcela significativa da população brasileira, cuja luta diária para sobreviver expõe as falhas de um sistema que não promove oportunidades iguais para todos.
Dessa forma, “Os Ratos” se estabelece como uma crítica universal à injustiça social, permanecendo relevante e atual, mesmo décadas após sua publicação.
Reflexão final
Em suma, “Os Ratos” é uma obra que vai além de sua narrativa angustiante, oferecendo uma crítica profunda às desigualdades sociais e ao ciclo de pobreza que aprisiona muitos indivíduos.
Por meio da história de Naziazeno Barbosa, Dyonélio Machado nos convida a refletir sobre as dificuldades enfrentadas por aqueles que vivem à margem do sistema econômico, condenados a um ciclo sem fim de endividamento e desesperança.
Essa leitura, indispensável para os vestibulandos da Fuvest, continua sendo relevante e essencial para compreender as complexas questões sociais que, infelizmente, ainda permeiam nossa realidade.
Sobre o autor Dyonélio Machado
Dyonélio Machado (1895–1985) foi um escritor, jornalista e médico brasileiro, natural de Quaraí, no Rio Grande do Sul. Destacou-se na literatura por sua abordagem psicológica e social, sendo um dos principais representantes do modernismo no Brasil.
Sua obra mais conhecida, “Os Ratos” (1935), recebeu o Prêmio Machado de Assis e é reconhecida como uma das grandes narrativas sobre a luta pela sobrevivência e as desigualdades sociais no país.
Além da literatura, atuou como médico psiquiatra. Em função do seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi preso durante o governo de Vargas. Sua produção literária reflete um olhar crítico e sensível sobre a condição humana e as questões sociais de sua época.
Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029
Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:
2025
- Marília de Dirceu (1792) – Tomás Antônio Gonzaga
- Quincas Borba (1891) – Machado de Assis
- Os ratos (1944) – Dyonélio Machado
- Alguma poesia (1930) – Carlos Drummond de Andrade
- A Ilustre Casa de Ramires (1900) – Eça de Queirós
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Água Funda (1946) – Ruth Guimarães
- Romanceiro da Inconfidência (1953) – Cecília Meireles
- Dois irmãos (2000) – Milton Hatoum
2026
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2027
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2028
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2029
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira